Documentário introspectivo, existencialista e hipnótico, DURANTE O FIM acompanha os ideais criativos de Rui Chafes num estilo quase experimental que mistura a solidão do artista na sua oficina, soldando e perfurando aço, com a poesia de Heinrich von Klein e trechos do ANDREI RUBLEV de Tarkovsky para nos colocar na mente de um indivíduo em pleno processo criativo.
O peculiar formalismo de João Trabulo é, sem dúvida, o principal motivo para lhe dedicarmos uma hora e dez minutos do nosso tempo. Aparentemente direccionado para quem está familiarizado com a obra do escultor visado, poderá tornar-se quase impenetrável para os desconhecedores, mas a sua sensibilidade cinematográfica, irresistível no modo como utiliza a luz e distorce o som, oferece ao espectador o desejo de permanecer até ao final e, talvez, abrir caminho à descoberta de como se expressa Rui Chafes... o qual demonstra-se melhor criador do que narrador de documentários: a sua voz-off, monocórdica e com raciocínio pejado de paradoxos, constitui um ponto mais negativo do que a já referida ausência de contextualização sobre o seu percurso.
Um projecto de fragmentado resultado, mas que desperta a atenção para o potencial de João Trabulo.
Samuel Andrade.
Nota: este texto reflecte apenas a opinião do autor, não representando a visão geral do 9500 Cineclube.
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